quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Maurício de Sousa será homenageado durante a 17ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro

Mauricio de Sousa, que completa 80 anos em outubro, vai ganhar duplo tributo durante a Bienal do Livro Rio. Um dos autores mais presentes no evento desde a sua criação, Mauricio é o homenageado da 17ª edição da Bienal, que terá diversas atividades relacionadas ao cartunista na programação cultural. Também durante a festa, ele recebe o prêmio José Olympio, do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), entregue a cada dois anos a pessoas e entidades empenhadas na promoção da leitura.


Além disso, Mauricio – que é o primeiro desenhista de histórias em quadrinhos no mundo a entrar em uma academia de letras (a Academia Paulista de Letras) – terá diversos lançamentos durante o evento. Dois títulos já confirmados são uma coletânea com suas tiras de estreia, publicadas originalmente nas revistas “Bidu” e “Zaz Traz”, em 1960, que sai pela Panini, e uma compilação dos três primeiros livros ilustrados assinados por ele, em 1965, agora em uma edição caprichada da WMF Martins Fontes.

A Bienal do Livro Rio, que acontece entre 3 e 13 de setembro no Riocentro, é realizada pelo SNEL e pela Fagga | GL events Exhibitions.

Os realizadores

Referência em promoção e organização de feiras e eventos no Brasil, a Fagga l GL events Exhibitions está no mercado há meio século e é responsável pela realização de mais de 20 feiras por ano no país. Desde 2006, faz parte de um dos maiores grupos do setor de eventos no mundo, a francesa GL events. A multinacional é a única da América Latina a trabalhar em toda cadeia da produção de eventos.

O SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) é uma sociedade civil que tem como objetivo o estudo e a coordenação das atividades editoriais no Brasil, assim como a representação legal da categoria de editores de livros e publicações culturais. Sua missão é dar suporte à classe nas áreas de direitos autorais, biblioteconomia, trabalhista, contábil e fiscal. O atual presidente do SNEL é Marcos da Veiga Pereira.

SERVIÇO:

O QUE
17ª Bienal do Livro Rio
QUANTO
R$16 (inteira) e R$8 (meia-entrada)
ONDE
Riocentro
Avenida Salvador Allende, 6.555
Jacarepaguá - Oeste
Rio de Janeiro

HORÁRIOS
·  Qui 03/09
o das 13h às 22h
·  de 4 a 13/09
o Terças, Quartas, Quintas e Sextas das 09h às 22h

o Segundas, Sábados e Domingos das 10h às 22h

Livro sobre drogas é publicado em Inglês e pode se tornar filme em Hollywood

E se sua vida se tornasse um livro?
E se esse livro tomasse vida própria e ganhasse o mundo?

A escritora Darléa Zacharias, dependente química em recuperação, divide suas histórias com os leitores em livros e tem sua obra traduzida para o inglês.

O livro Drogas – O Árduo Caminho de Volta – Coragem para Mudar (2009), comprado pela Editora América Star Books e publicado em inglês, com o título de Drugs – The Hard Way To Turn, já está disponível nos Estados Unidos, Canadá e da Grã-Bretanha.

A obra fala de conflitos, desilusões, crescimento conturbado, fuga, drogas. Esta autobiografia é o exemplo perfeito de como uma vida pode começar completamente conturbada, seguir por caminhos tortuosos, se perder por completo, conhecer a morte de perto, mas conseguir se encontrar, abraçar uma fé imprescindível no amor de Deus e na vida e buscar novos caminhos para se manter longe das drogas.

A escritora não conta apenas sua história, ela mostra, sem filtros ou floreios, como as drogas acabam com o ser humano. E não apenas com ele, mas também com todos os que convivem e vivem ao redor do usuário.

O encanto da vida real de Darléa não só ganhou o mundo como interessou produtores de uma das maiores empresas cinematográficas de Hollywood e a obra pode receber uma nova roupagem e ser exibida nas telonas de todo o mundo.

Darléa também publicou, em 2012 o livro Inimigo Oculto – Foco, Força e Fé. Enquanto seu primeiro livro focou na realidade cruel por qual Darléa passou, em seu segundo livro, ela conta como é viver um dia de cada vez como dependente em recuperação.


O Prêmio Jabuti em novos horizontes


Marisa Lajolo*

Em 1959, numa noite de 11 de novembro, à Avenida Ipiranga, o primeiro prêmio Jabuti – criado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) - foi entregue a até hoje queridos e muito respeitados intelectuais brasileiros: Jorge Amado, Isa Silveira Leal, Renato Sêneca Fleury, Jorge Medauar, Ademir Martins, Carlos Bastos, Mário da Silva Brito,  Sergio Milliet e a Saraiva. A lista desses premiados sugere o olhar arguto - voltado para o futuro -  com que o júri observa o panorama dos livros brasileiros. Olhar informado e esperto, capaz de identificar o novo.

E que novidades teriam sido as que o Jabuti de 1959 consagrou?

Muitas:

Gabriela, cravo e canela marca uma nova e festejada vertente da literatura de Jorge Amado. Livros para crianças e jovens  - representados pelos prêmios a Isa Silveira Leal e Renato Sêneca Fleury – apontam para um gênero que de lá para cá só tem amadurecido, além de trazer para o Brasil prêmios internacionais. E o Prêmio à Saraiva, marca a fina e precoce percepção das  novas condições – que neste século XXI continuam a surpreender - de produção e circulação de livros.

Naquele ano, poucas categorias eram contempladas pelo prêmio que nascia. Pouco mais do que meia dúzia: personalidade do ano, ensaios, história literária, ilustração, literatura infantil, literatura juvenil e romance. Já no ano seguinte, capa epoesia ampliaram o arco. Hoje, quase trinta categorias disputam o Jabuti.

É assim, num clima otimista de fidelidade a suas raízes inovadoras, que a CBL (Câmara Brasileira do Livro), no lançamento da 57ª edição do Prêmio  Jabuti, anuncia duas novas categorias:  adaptação e livros infantis digitais.

Discutir categorias é sempre interessante, mas muitas vezes algo temperado de mau humor ...
Quadrinhos são um bom exemplo disso: vilões nos anos cinquenta, acusados de comprometer a imaginação e até a inteligência de leitores, seus artistas souberam lutar e deram a volta por cima!

E o Jabuti 2015 alegra-se em incluir, dentre suas categorias, os descendentes de Angelo Agostini ( 1843-1910)  que, nos idos do século XIX, introduziu os quadrinhos na terra de Machado de Assis!

Na mesma esteira do mau humor, o fruto de tecnologias envolvidas com a produção cultural, no começo, assusta. A partir, por exemplo, das alterações que Gutenberg operou na relação entre leitores e livros no século XV, professores de uma universidade europeia reclamaram que, se qualquer aluno podia ter livros  (porque eram mais baratos ), o que fariam os professores?

Nas últimas décadas, o mundo da Comunicação – no qual se aninham as Letras - foi sacudido pela tecnologia digital. Os vilões de hoje são internet e games... E justamente para contribuir para a tão necessária discussão das linguagens contemporâneas e das leituras que elas instigam, o Prêmio Jabuti 2015 inclui livros digitais infantis.

Com alegria e seriedade, o Jabuti encara o desafio de emprestar seu prestígio a um objeto que – desde a denominação de sua identidade - provoca apaixonadas discussões: ebooks? aplicativos? livros digitais? @books?

Com essas duas novidades, a CBL tem certeza de que – ao acolher gêneros de ampla circulação de nossos dias -  sela fidelidade a suas origens e embarca, junto com os leitores, na fantástica aventura de mergulhar em diferentes linguagens que falam dos sonhos humanos, velhos e novos
Que falem os leitores, em nome dos quais existem livros e literatura!


*Marisa Lajolo, professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Unicamp, é curadora do Prêmio Jabuti. 

sábado, 4 de julho de 2015

Boris Fausto fala sobre 'O Brilho do Bronze'



O historiador Boris Fausto abriu o terceiro dia de Flip, ontem, com uma conversa sobre a matéria-prima literária de seu último livro O Brilho do Bronze, sobre memórias que narram seu processo de luto após a morte da mulher, a educadora Cynira Stocco Fausto, com quem foi casado por 49 anos. Ao longo do debate, as reflexões sobre morte e dor deram lugar aos apontamentos do intelectual sobre o ofício de historiador, alguns episódios da história do Brasil e a atual conjuntura política do país. Os relatos completos das atividades estão disponíveis no blog da Flip (http://www.flip.org.br/blog.php).



Da origem do termo “pauliceia desvairada” à proclamação do modernismo, a mesa seguinte – sobre a São Paulo de Mário de Andrade -­ investigou a cidade que jamais teria sido a mesma sem a participação daquele que, como disse o cineasta e ensaísta Carlos Augusto Calil, foi o primeiro secretário de Cultura do Brasil. Além de Calil, o jornalista e colunista Roberto Pompeu de Toledo fez parte de “São Paulo! comoção de minha vida…”.


 


Percorrendo os meandros da história do Brasil, a mesa bônus, com as historiadoras Heloisa M. Starling e Lilia M. Schwarcz, transcorreu como uma aula sobre os grandes temas que repercutem na identidade nacional. Autoras do recém-lançado Brasil: uma biografia, a dupla estruturou uma conferência em torno de dois tópicos que atravessam os séculos: a escravidão como um sistema estruturante da sociedade brasileira e os vários significados assumidos pelo conceito de liberdade ao longo do tempo.



Primeira mesa sobre ciência desta edição da Flip, “As ilusões da mente”, trouxe à Tenda dos Autores o economista e filósofo Eduardo Giannetti e o neurocientista Sidarta Ribeiro, num encontro animado e vigoroso sobre as descobertas recentes no campo da neurociência. Sidarta afirmou que estamos a caminho de entender o que é a consciência e como ela funciona. Para Giannetti, o mistério da condição do ser humano só se agrava. "A ciência realmente machuca a autoestima humana”, completou.



A mesa “Escrever ao Sul” reuniu o queniano Ngũgĩ wa Thiong’o e o australiano Richard Flanagan. Preso por ter escrito, nos anos 1970, uma peça teatral em sua língua nativa, Thiong’o foi investigado sobre um recurso comum em sua prosa: colocar o leitor na mente do opressor - característica também presente na obra mais recente de Flanagan. Thiong'o afirmou então que, como escritor, seu interesse é na contradição.



O uso de lembranças pessoais e afetivas na literatura foi central na mesa “Amar, verbo transitivo”, da qual participaram Ana Luisa Escorel e a americano-israelense Ayelet Waldman. “É preciso gostar e apreciar nossas próprias memórias para reproduzi-las num livro”, disse Waldman. Igualmente franca, Ana Luisa Escorel emocionou-se ao falar sobre a relação que sempre teve com seus pais - o crítico literário Antonio Candido e a filósofa e ensaísta Gilda de Mello e Souza -, matéria-prima de um livro da autora. Taras literárias e libertinagens em geral estiveram na mesa “Os Imoraes”, com Reinaldo Moraes e Eliane Robert Moraes. Autora de ensaios sobre erotismo na literatura, Eliane afirmou que Hilda Hilst e Mário de Andrade influenciaram sua escolha pelo erótico.



Bem-humorado, Reinaldo leu um texto libidinoso feito especialmente para esta edição da Flip, sob a afirmação de ter “psicografado” uma mensagem do machadiano Brás Cubas. Acompanhe a transmissão ao vivo das mesas da programação principal no site da Flip (http://www.flip.org.br/).  Veja a cobertura da festa pelo Facebook (https://www.facebook.com/flip.paraty), Twitter (https://twitter.com/flip_see) ou Instagram (http://instagram.com/flip_se).


A matemática como elemento de magia


Em conversa mediada por Bernardo Esteves, Artur Ávila e Edward Frenkel defenderam o encanto da matemática numa troca divertida (foto de Walter Craveiro)


Reunidos sob o título “Os homens que calculavam”, dois matemáticos premiados – o brasileiro Artur Ávila e o russo-americano Edward Frenkel  – encontram-se na Tenda dos Autores dispostos a vencer a resistência do público em torno da disciplina. A conversa começou com uma crítica contundente ao tipo de matemática que se aprende na escola.


 “É como se na aula de arte você não aprendesse história nem os grandes mestres da pintura, mas sim a pintar paredes, e saísse de lá achando que arte é isso”, comparou Frenkel. “Quantos de vocês se dão conta de que toda a matemática que estudamos na escola tem mais de dois mil anos? Imaginem a mesma situação nas aulas de ciência, de história, de literatura. Imaginem que estivéssemos lendo só Homero. Muitas coisas aconteceram desde a geometria euclidiana.”
 
Em conversa mediada por Bernardo Esteves, Artur Ávila e Edward Frenkel defenderam o encanto da matemática numa troca divertida (Foto de Walter Craveiro / Divulgação)

Vencedor da Medalha Fields – equivalente ao Nobel da Matemática –, Ávila contou do dia a dia de seu trabalho, lembrando que boas ideias surgem nas circunstâncias mais variadas. “Às vezes o lugar onde você menos trabalha é o escritório. Eu saio para caminhar, muitas vezes na praia. Às vezes deitado na cama quase dormindo, é possível ativar certas conexões, pensar em coisas que você havia deixado para trás”, relatou o pesquisador, que aos 26 anos solucionou um problema conhecido como “Conjectura dos dez martínis” – infelizmente, o matemático que havia prometido dez martínis como troféu a quem resolvesse a questão já havia então morrido.


Temas como aplicabilidade das pesquisas e conexão entre a matemática e outros campos do conhecimento surgiram durante a mesa. Em mais de uma circunstância, Frenkel – autor de Amor e matemática – frisou o papel da inspiração, da criatividade e do insight no ofício do matemático. “No mundo de hoje, a gente gosta de racionalizar tudo, calcular, controlar, planejar tudo. Isso só nos torna mais ansiosos. A sabedoria é abrir mão do controle e seguir o ritmo das coisas. A descoberta matemática tem um elemento de mistério, de magia”, concluiu o pesquisador frisando que “a vida é muito mais que qualquer algorítmico, qualquer fórmula”.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Flip 2015: Poesia e questões urbanas permeiam os debates do segundo dia

A ideia de ultrapassar os limites dos guetos e das clausuras nos grandes centros urbanos norteou a fala do antropólogo, poeta e ensaísta Antonio Risério, que abriu a mesa “A cidade e o território”, da qual também participou o escritor Eucanaã Ferraz. O encontro iniciou o segundo dia de Flip, neste 2 de julho, e colocou a arquitetura em pauta. Ferraz criou um paralelo entre o poema “Rua de São Bento”, de Mário de Andrade, e uma cidade. Para ele, naqueles versos está a metáfora do canto da sereia, da cidade que – à semelhança da sereia – canta e seduz com uma promessa de amor que pode se traduzir em desgraça e morte. Os relatos completos das atividades estão disponíveis no blog da Flip (http://www.flip.org.br/blog.php).


Na sequência, a Tenda dos Autores recebeu escritores revelados em oficinas do Complexo do Alemão, no Laboratório Setor X, na tradicional mesa Zé Kleber, que discute a cidade e suas políticas públicas. Procurando relativizar as distinções entre centro e periferia, o encontro deste ano — intitulado “Falando alemão” — revelou múltiplas possibilidades da produção literária.

Na mesa 2, “De Micróbios e soldados”, um escritor bósnio radicado na Alemanha e um argentino vivendo há mais de vinte anos na França mapearam pontos em comum: a vivência da guerra na infância, os deslocamentos de vida e linguagem. Juntos, os ficcionistas Diego Vecchio e Saša Stanišić abordaram memória e literatura.

No fim da tarde, a poesia do carioca Mariano Marovatto e da lisboeta Matilde Campilho, com variados sotaques e estilos, ganhou os palcos da festa e arrebatou a plateia em Paraty. “A poesia é íntima mesmo quando é malabarista”, ressaltou Campilho, sempre lírica. Na sequência, Marovatto mencionou seu contato com a obra da escritora Ana Cristina Cesar e sua iniciação como poeta.

De volta à Flip onze anos depois, o autor irlandês Colm Tóibín leu um trecho de seu novo romance, “Nora Webster”, e traçou considerações sobre a poeta Elizabeth Bishop. Mencionou ainda o processo em torno do referendo sobre a legalização do casamento gay na Irlanda, realizado em maio.

Duas falas contundentes sobre Brasil, neurociência, literatura como grito: Jorge Mautner e Marcelino Freire encerraram o segundo dia de Flip na Tenda dos Autores, num encontro memorável. Arrancando aplausos da plateia, o músico de “Maracatu Atômico” e o escritor idealizador do festival Balada Literária foram, sem receios, “Do angu ao Kaos” — título da mesa. Acompanhe a transmissão ao vivo das mesas da programação principal no site da Flip (http://www.flip.org.br/). E veja a cobertura da festa pelo Facebook (https://www.facebook.com/flip.paraty), Twitter (https://twitter.com/flip_se e Instagram (https://instagram.com/flip_se/).


As impressões de Boris Fausto

Aos 84 anos, o historiador Boris Fausto propôs-se a falar sobre Brilho do Bronze, livro de memórias em que narra seu processo de luto após a morte da mulher, a educadora Cynira Stocco Fausto, com quem foi casado por 49 anos.

Ao longo do debate, no entanto, as reflexões sobre morte, doença e dor deram lugar aos apontamentos do intelectual sobre o ofício de historiador, alguns episódios da história do Brasil e especialmente a atual conjuntura política do país. Falando sobre problemas do PT – cuja cúpula trabalha hoje, segundo ele, “num sistema de gange” – e desafios da oposição, Boris foi muito aplaudido.

Boris Fausto
“O problema da oposição é não ter sabido ser oposição, não ter tido a coragem de ter dito: ‘sim, nós pensamos de outro modo’, de ser um partido da classe média que tivesse coerência nas suas atitudes. Que tivesse introduzido o favor previdenciário no governo Fernando Henrique e que tivesse votado a favor do favor previdenciário mais adiante.”

Fausto lembrou a escrita de seus livros anteriores, como O Crime do Restaurante Chinês, Negócios e Ócios e História do Brasil, referência para estudantes de várias gerações; elogiou os livros de história desenvolvidos por alguns poucos jornalistas, como Elio Gaspari e Lira Neto, capazes de alinhar pesquisa e grande narrativa, falou ainda de suas lembranças de uma São Paulo que já não existe, com “o bonde, a biblioteca municipal, o futebol não tão profissionalizado em que alguns ainda jogavam pela camisa”. Na cidade de hoje, diz, já não se reconhece.


FlipMais
Um debate sobre preço fixo do livro e concorrência entre livrarias de diferentes portes e gigantes da venda online ocorreu na mesa-redonda que abriu a programação da FlipMais, na Casa da Cultura. A segunda atividade foi o “Poesia em movimento: Cleonice Berardinelli”, episódio da série do Philos TV em que a maior lusitanista brasileira lê poemas de Mario de Sá-Carneiro. Na sequência, foi a vez do espetáculo “Criaturas de papel”, do Grupo Bricoleiros — parte da programação do Palco Giratório do Sesc. Formas geométricas tomaram vida no decorrer da encenação e se transformaram em peças cênicas. A programação foi encerrada com uma apresentação que ocupou a Capelinha de Paraty, na atividade “Poesia à capela”, realizada em parceria com o British Council. Saiba mais em https://blogdaflip2012.wordpress.com/2015/07/03/flipmais-estreia-com-espetaculos-e-debate/.

Programações parceiras
Os parceiros da Flip 2015 oferecem uma série de debates, encontros, publicações e sessões especiais sobre literatura cinema, música, teatro e arte durante a Festa Literária em Paraty na Casa Cais, Casa Folha, Casa IMS, Casa Literária Gastronômica Senac/CBL, Casa Sesc, Circuito BNDES Musica Brasilis e da Companhia Carroça de Mamulengos/Petrobras. Saiba mais em www.flip.org.br.

Quem faz a Flip
A Casa Azul é uma organização da sociedade civil de interesse público que desenvolve projetos nas áreas de arquitetura, urbanismo, educação e cultura. Desde as primeiras ações, há mais de vinte anos, vem desenvolvendo uma metodologia de leitura territorial capaz de potencializar importantes transformações no território. Em Paraty, onde a associação se originou, esse processo levou à realização de ações de permanência, com projetos como a Flip, a Biblioteca Casa Azul e o Museu do Território, entre outros.

Patrocínio
A programação da Flip conta com o patrocínio oficial do BNDES, Itaú, Petrobras e apoio do Sesc. É realizada por meio das leis de incentivo à cultura do Governo do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro e do Ministério da Cultura do Governo Federal.

Fotos: Walter Craveiro (Divulgação)

quarta-feira, 1 de julho de 2015

FlipMais: um ponto de confluência da Festa Literária Internacional de Paraty 2015

Pela primeira vez inteiramente gratuita, programação debaterá temas como o preço fixo do livro e terá sessões de teatro e cinema


A programação da Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, que começou hoje (1/7), transborda os limites da Tenda dos Autores e se espalha pela cidade, encontrando na tradicional FlipMais um ponto de confluência. Marcada pela diversidade, as atividades da FlipMais combinam literatura, cinema, teatro, arquitetura, artes plásticas e políticas públicas, que ocupam a Casa da Cultura de Paraty e, pela primeira vez, a Capela Nossa Senhora das Dores, a Capelinha – tudo com entrada gratuita.

Em todo o mundo, os superdescontos no preço dos livros, realizados sobretudo por gigantes do comercio eletrônico, têm sido apontados como o principal desafio à bibliodiversidade, isto é, à sobrevivência econômica de pequenas editoras e livrarias. Empenhados em uma luta contra a prática, considerada predatória, editores, livreiros independentes e grandes autores como Stephen King defendem a adoção de um preço fixo para o livro, de modo a preservar a concorrência econômica e a diversidade editorial.
 O preço fixo – existente desde 1888, atualmente em vigor em mais de 15 países – tem relevância cultural e poderia ser comparado à luta pela liberação das biografias sem autorização prévia, que teve um importante manifesto lançado na Flip 2007. A Mesa-redonda: Preço Fixo do Livro, que tem apoio do Sindicato Nacional de Editores de Livros – SNEL e do jornal O Globo, é um dos destaques da programação da FlipMais, na quinta-feira (2/7), às 14h30.
 
A mesa, gratuita como toda a programação da FlipMais, acontecerá na Casa da Cultura de Paraty e terá destaques do mercado editorial internacional: o diretor-geral do Bureau International de l'Edition Française (BIEF), Jean-Guy Boin; o presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Luís Antonio Torelli, o diretor da editora britânica Bloomsbury, Richard Charkin, que dirige também a International Publishers Association (IPA), e o presidente do Sindicato Nacional de Editores de Livros – SNEL, Marcos da Veiga Pereira, que defende a prática como uma maneira de resgatar o crescimento do setor no Brasil. Haverá tradução simultânea.
Dois dos poetas que são destaque da programação principal da Flip, Arnaldo Antunes e Eucanaã Ferraz, participam da série Poesia em Movimento, do Philos TV, que terá sessões especiais na programação da FlipMais. Nos programas exibidos, poetas contemporâneos são entrevistados pela cantora e compositora Adriana Calcanhotto. Dois deles estarão presentes para leituras e um bate-papo com o público após a exibição: Arnaldo Antunes e Eucanaã Ferraz. 

Na sexta-feira (3/7), às 16h, Eucanaã Ferraz, que acaba de lançar a coletânea de poemas Escuta (Companhia das Letras), comentará a relação de seus poemas com o trabalho de João Cabral de Melo Neto, bem como a influência de Vinicius de Moraes. Depois do filme, conversará com o público sobre poesia. 
No sábado (4/7), às 16h, Arnaldo Antunes falará sobre seus mais de trinta anos de trajetória poética: dos primeiros contatos com a poesia, por meio das canções populares, à estreia em livro, em 1982, e suas mais de vinte obras publicadas. Antunes também falará sobre a relação entre a escrita de um poema e a composição de uma música. Após a exibição, Arnaldo fará uma declamação de poemas.
No sábado, às 10h30, a inglesa Hannah Silva, poeta e artista performática, encena um pungente espetáculo feminista que une literatura e expressão corporal em Schlock!. Criado durante o festival de poesia de Aldeburgh e encenado pela primeira vez no Brasil, o espetáculo tem chocado plateias e provocado debates sobre sexo, poder, feminismo e o papel revolucionário do teatro.
Homenageado da Flip 2015, Mário de Andrade, cuja vida e obra são marcadas pela luta em nome preservação do patrimônio histórico, arquitetônico e imaterial brasileiro, uma fonte de inspiração para as ações da Associação Casa Azul em Paraty, como o Museu do Território, é parte na programação da FlipMais.
Ainda no sábado, às 14h30, na Capelinha, a mesa Caminhos de Mário: a dimensão antropológica na cultura abordará os 30 anos do tombamento do Litoral Fluminense, a viagem etnográfica O turista aprendiz e a importância da dimensão antropológica na definição de políticas públicas culturais.
Em As gavetas de Mário, que também acontece no sábado, às 17h, na Capelinha, Elisabete Marin Ribas, do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo – IEB/USP, serão discutidos os aspectos de funcionamento, preservação e catalogação de um arquivo literário a partir dos 30 mil documentos deixados por Mário de Andrade, entre obras inéditas, cartas e fotografias – um dos maiores acervos do país, a cargo do IEB desde 1968.
Professoras universitárias de vasta experiência em sala de aula, as autoras de Brasil: uma biografia (Companhia das Letras, 2015), Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling, que também participam da programação principal da Flip, conversarão com professores, educadores e o público em geral sobre o ensino da história brasileira em nossas escolas. A mesa O Brasil na sala de aula acontece no sábado, 4/7, às 14h30.

Noites de Cinema
Na faixa noturna da programação da FlipMais, haverá as Noites de Cinema, com realização do Itaú Cultural, e peças e espetáculos teatrais, com realização do Sesc.

O filme A Paixão de JL narra a história do artista plástico José Leonilson, que descobriu-se portador de HIV, e será exibido na sexta-feira, às 17h30.

No sábado, às 18h, será exibido Vilanova Artigas: o arquiteto e a luz, documentário que narra a trajetória de um dos mais influentes arquitetos brasileiros do século 20. Com roteiro e direção de Laura Artigas, neta de João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), e codirigido por Pedro Gorski, o filme conta a história do criador do Estádio do Morumbi e do prédio sede da FAU-USP a partir das lembranças de parentes, amigos, alunos, imagens de arquivo e visitas a seis de suas principais obras, marcos da Escola Paulista.

Na sexta-feira, às 20h30, a Cia. do Relativo, fundada em 2009 com o projeto de trabalhar com as linguagens contemporâneas do circo, apresenta O Descotidiano. No espetáculo concebido e protagonizado por Otávio Fantinato, um dos criadores da companhia, um ser solitário e excêntrico busca, através da desconstrução de seu cotidiano, uma nova motivação para sorrir. Dentro de sua casa, com poucos móveis e sentimentos, ele dá novos significados a objetos do dia a dia. Jornais, xícaras, livros e vassouras são manipulados de maneira inesperada, criando situações cômicas e surreais.

No sábado, às 21h30, a Cia. Dos Bondrés, fundada em 2007, com o objetivo de aprofundar o estudo das técnicas jogo de desenvolvimento da pesquisa de linguagem cênica e a criação de objetos cênicos de manipulação, apresenta Instantâneos. No espetáculo, a companhia investiga em sua encenação o princípio artesanal do Topeng – teatro e dança dos rituais de Bali – e no teatro popular brasileiro, buscando as semelhanças entre as duas linguagens. O espetáculo aborda o ser humano e suas relações através de situações cotidianas.

Os ingressos para a programação estarão disponíveis para serem retirados com uma hora de antecedência no local de cada evento.

Casa da Cultura – rua Dona Geralda, 177
Capelinha – rua Fresca, s/n


Programação completa

Quinta-feira, 2 de julho

14h30 | casa da cultura
Mesa-redonda: preço fixo do livro
Marcos da Veiga Pereira
Luís Antonio Torelli
Richard Charkin
Jean-Guy Boin


16h | casa da cultura
Poesia em movimento: Cleonice Berardinelli


17h30 | casa da cultura
Noites de cinema
A Paixão de JL
Dir: Carlos Nader

20h30 | casa da cultura
Palco Giratório
Criaturas de papel
Grupo Bricoleiros

21h| capelinha
Poesia à capela
Elisa Lucinda
Lemn Sissay

Sexta-feira, 3 de julho

14h30 | casa da cultura
O que se entende por mediação de leitura?
Marta Porto
Rona Haning
Vera Schroeder

16h | casa da cultura
Poesia em movimento recebe Eucanaã Ferraz

18h | casa da cultura
Noites de cinema
A vida começa…
Dir: Tatiana Lohmann

20h30 | casa da cultura
Palco Giratório
O Descotidiano
Cia. do Relativo


Sábado, 4 de julho

10h30 | casa da cultura
Schlock!, uma performance poética
Hannah Silva

14h30 | casa da cultura
O Brasil na sala de aula
Lilia M. Schwarcz
Heloisa M. Starling

14h30 | capelinha
Caminhos de Mário: a dimensão antropológica na cultura
Alexandre Pimentel
Manoel Vieira
Maria Pereira


16h | casa da cultura
Poesia em movimento recebe Arnaldo Antunes

17h | capelinha
As gavetas de Mário
Elisabete Marin Ribas

18h | casa da cultura
Noites de cinema
Vilanova Artigas: o arquiteto e a luz
Dir: Laura Artigas e Pedro Gorski

21h30 | casa da cultura
Espetáculo: Instantâneos
Cia. dos Bondrés

Domingo, 5 de julho
11h | casa da cultura
Prêmios literários:incentivo e panorama
Marisa Lajolo
Pierre André Ruprecht
Marcia Costa Rodrigues



Programações parceiras
Os parceiros da Flip 2015 oferecem uma série de debates, encontros, publicações e sessões especiais sobre literatura cinema, música, teatro e arte durante a Festa Literária em Paraty na Casa Cais, Casa Folha, Casa IMS, Casa Literária Gastronômica Senac/CBL, Casa Sesc, Circuito BNDES Musica Brasilis e da Companhia Carroça de Mamulengos/Petrobras. Saiba mais em www.flip.org.br.

Flip 2015
A 13ª edição da Flip, que acontece de 1º a 5 de julho, terá Mário de Andrade como autor homenageado.
Quem faz a Flip
A Casa Azul é uma organização da sociedade civil de interesse público que desenvolve projetos nas áreas de arquitetura, urbanismo, educação e cultura. Desde as primeiras ações, há mais de vinte anos, vem desenvolvendo uma metodologia de leitura territorial capaz de potencializar importantes transformações no território. Em Paraty, onde a associação se originou, esse processo levou à realização de ações de permanência, com projetos como a Flip, a Biblioteca Casa Azul e o Museu do Território, entre outros.

Patrocínio
A programação da Flip conta com o patrocínio oficial do BNDES, Itaú, Petrobras, apoio do Sesc e outros parceiros em vias de confirmação. É realizada por meio das leis de incentivo à cultura do Governo do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro e do Ministério da Cultura do Governo Federal.