![]() |
A Bíblia de Gutenberg |
Espaço democrático para incentivar o prazeroso hábito da leitura. Resenhas, lançamentos de livros, atividades de bibliotecas, debates e entrevistas com autores, além de concursos literários, sorteios e outras promoções. Participe!
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
sábado, 28 de setembro de 2013
Cordel sobre a chegada de Tim Maia ao céu é lançado na Feira Solidária do Complexo do Alemão
“A
chegada de Tim Maia no céu” é o título do cordel lançado hoje (28), dia
em que o homenageado completaria 71 anos, pelo carioca Victor Alvim, o Lobisomem, integrante da Academia
Brasileira de Literatura de Cordel e autor de mais de 30 obras, várias delas em
homenagem a artistas cariocas, como Jovelina Pérola Negra, Zeca Pagodinho e
Arlindo Cruz.
Victor Alvim, o Lobisomem |
O
lançamento aconteceu na Feira Solidária
da Estação Palmeiras do Teleférico do Alemão. Depois de autografar alguns
exemplares da obra na barraca do também cordelista José Franklin e posar para
fotos, Lobisomem declamou os versos
do seu cordel para os frequentadores da feira, em sua maioria moradores do
Complexo do Alemão e turistas de diversas regiões do Brasil e muitos do
exterior.
O cordelista José Franklin em sua barraca na Feira Solidária |
Nos
versos, Lobisomem conta que era dia
de festa no céu, cuja principal atração seria Tim Maia. Mas, a fama do cantor
‘lá em cima’ não era das melhores, por conta dos ‘furos’ que o artista deu em
diversos compromissos profissionais. Assim, após uma ordem direta de Deus,
coube a São Pedro tentasse garantir que Tim Maia se apresentasse na festa no
céu, que teria muitos convidados. Se ele conseguiu? Isso você, caro leitor, só
vai saber lendo o cordel.
A Feira Solidária funciona diariamente na Estação Palmeiras |
Além
da obra “A chegada de Tim Maia no céu”,
várias outras sobre o dia a dia dos moradores do Complexo do Alemão estão à
venda na Feira Solidária, que funciona diariamente na Estação Palmeias do
Teleférico. Entre elas, “A Feira
Solidária da Estação Palmeiras do teleférico do Alemão” e “Dico e a invasão do Alemão”, ambos de
autoria de José Franklin. Ali o visitante também encontra a obra “ABC da Capoeira para crianças”, de
Victor Alvim e ilustrações de Rui Apolinário, e o livro “A voz do Alemão”, de Sabrina Abreu e Renê Silva.
As obras de Mariluce Souza na barraca da Turismo no Alemão |
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Noite de autógrafos do livro ‘ASSIMÉTRICOS’, de Andrei Bastos, será no dia 1º de outubro
“Aviso ao leitor: se espera encontrar aqui algo do tipo 'profundo mergulho na condição humana', nem comece. Este é um livro
militante, escrito por alguém que briga todos os segundos de cada dia por
liberdade – o elementar respeito aos direitos civis, dele e da sua comunidade.”
José Casado, jornalista.
A Livraria Blooks e Ponteio Edições convidam para noite de autógrafos do livro Assimétricos – textos militantes de uma pessoa com deficiência, do jornalista Andrei Bastos, que será realizada no próximo dia 1º de outubro, às 19h, na Livraria Blooks - Espaço Itaú de Cinema –, na Praia de Botafogo, 316, na Zona Sul carioca.
Andrei Bastos teve sua vida e seus passos associados à
indignação contra as injustiças sociais. Esse ativismo o levou desde cedo a uma
vida de lutas, iniciada no movimento estudantil do final dos anos 60, quando
também conheceu a prisão e as arbitrariedades da perseguição política. Nos dias
atuais, Andrei se dedica à incansável militância na defesa do movimento pelos
direitos das pessoas com deficiência e às minorias esquecidas pela sociedade.
Aos 52 anos, Andrei perdeu uma perna e passou a
viver as restrições à mobilidade e ao trabalho impostas às pessoas com
deficiência por uma sociedade moldada por preconceito e discriminação. Assimétricos
é uma reunião de textos militantes publicados por Andrei em jornais e
blogs, especialmente na página de opinião de O Globo.
Para Izabel Maior, médica, professora e ativista,
ex-Secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, “o
livro Assimétricos vai agradar e igualmente encetar uma boa polêmica”.
O autor:

Divulgação:
Terezinha Santos / TFS Comunicação (21) 9914-7040
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Largo de São Francisco terá 'batalha de poesia' (SLAM TAGARELA) na quarta-feira
A
poesia vai deixar as páginas dos livros e ganhar as ruas do Rio de Janeiro na próxima
quarta-feira, dia 25. O
evento SLAM TAGARELA, criado pelo professor Paulo Emílio Azevedo,
vai promover uma competição de
poesias a partir das 12h, no Largo de São Francisco,
no Centro. A partir desta data, o sarau será fixo toda primeira terça-feira
do mês, no mesmo local e horário. Trata-se do maior Slam do mundo, pois no TAGARELA os poetas poderão
abrir o verbo sem tempo fixo.
Para
deixar o público com gostinho de ‘quero mais’ e ter uma noção do que vai
acontecer em termos de poesia, Paulo Emílio lança amanhã, dia 24, o seu novo livro, “Palavra projétil:
poesias além da escrita”, pela Editora Ibis Libris, na
Livraria Saraiva do Leblon (Av. Ataulfo de Paiva, 1321), no Corujão da Poesia, às 22h. A obra mostra Paulo Emílio Azevedo como poeta de estilo atraente e
seguro, com poemas em rajadas, fortes, ritmados, às vezes hip hot ou slam, às
vezes suave, brisa. No livro, com sua oratória poética, pode-se ver o
professor, dançarino, homem, irmão, filho e pai. Junto com a gravação de um DVD
e CD (com o coletivo Le FUCOH), o livro completa uma trilogia sobre o tema.
O
SLAM TAGARELA é a versão carioca do SLAM-poetry - que surgiu na década
de 80 em Chicago, nos Estados Unidos. “Uma
competição de poesias, da invenção de Marc Smith que queria aproximar a poesia
das pessoas, popularizando-a e valendo-se da emoção do momento, da musicalidade
presente nas palavras e no valor inusitado das performances”, explica Paulo
Emílio que conheceu o gênero na França com o artista que ele considera sua
principal referência, Abd Al Malik.
Doutorando
em Ciências Sociais, Paulo Emílio Azevedo acredita que baseado na
espontaneidade presente na oralidade e na performance do slam-poetry seria relevante utilizar essa
linguagem no processo educacional; ele complementa “dentro e fora das escolas tradicionais, nos
palcos, nas praças, nos hospitais, nas prisões… Nas ruas, sobretudo, nas ruas”,
defende Paulo.
A
escolha do Largo de São Francisco nesse horário das 12h às 14h é uma forma de
estimular a poesia na boca do povo: “No
horário do almoço, as pessoas tendem a se perceber de modo privilegiado e mesmo
apesar da fome, sempre sobra um tempinho pra falar. Há uma escuta diferenciada
e melhor recepção da palavra”. O professor e poeta
pretende, também, ao trazer a arte para a rua, estimular o processo criativo no
espaço urbano, dando continuidade a um rol de ações já realizadas sob a sua
direção neste ambiente.
Que
venha o Slam-poetry; o único gênero
poético que não pode ser compreendido como parte de um estilo literário
- “toda poesia pode ser um slam, o
que importa é menos o estilo da escrita e mais o acento do verbo quando se fala
e ou quando se projeta o corpo no espaço”, conclui Paulo.
Abaixo,
trechos do poema “Carta aos elefantes”, de Paulo Emílio Azevedo:
Garoto meio irado,
no ócio anuncia o enredo.
Menino sem lar na lama,
associa angústia,
medo!
Cedo, um disparo reverbera.
Berra de lá uma voz no escuro,
muros!
...
Vis, sois vós que vindes aqui
me insultar com poesias chulas
de capoeira, entendo,
sou mestre, então cuidado.
Passo a perna, quebro o braço
de todo safado que trai amigos
SERVIÇO:
Dia
24 de setembro, terça-feira, às 22h. ENTRADA FRANCA.
O
poeta Paulo Emílio Azevedo lança no “Corujão da Poesia” o livro “Palavra Projétil:
poesias além da escrita” pela Editora Ibis Libris. Livraria Saraiva, Av.
Ataulfo de Paiva, 1321 – Leblon.
25
de setembro, quarta-feira, a partir das 12h. ENTRADA FRANCA.
ESTREIA
(depois o sarau fica toda primeira terça-feira do mês)
SLAM TAGARELA - O
professor e poeta Paulo Emílio Azevedo promove uma competição de poesias no
Largo de São Francisco, Centro. Participações dos poetas Allan Jones
(SE), Renato Negrão (MG), Thiago Cervan (SP), Slow DaBF (RJ) e do Coletivo Le
FUCOH (Macaé-RJ).
domingo, 22 de setembro de 2013
Criminalidade, jornalismo e Fernando Pessoa foram temas no Pauliceia Literária, que contou também com vários lançamentos de livros
O
domingo, último dia do evento, começou com mais lançamentos no Pauliceia Literária. Na mesa Pessoa Existe? Debate sobre as múltiplas faces de
Fernando Pessoa foram ouvidos, pela primeira vez, trechos do
áudio livro de José Paulo Cavalcanti, "Fernando Pessoa - Uma
Quase Autobiografia”. O advogado passou 10 anos pesquisando e escrevendo sobre
a vida de Fernando Pessoa, foi 30 vezes para Portugal tentar reconstruir seus
passos e chegou a contratar um pesquisador para ler três anos de jornais da
época e descobrir novos fatos da vida do poeta. Cavalcanti fez o público rir
diversas vezes ao contar casos inusitados de sua pesquisa e de sua obsessão
pela vida de Pessoa.
José Paulo Cavalcanti com seu 'Fernando Pessoa - Uma quase autobiografia' |

O
dia seguiu com a mesa Ficção e
reportagem, aqui e acolá, sobre o ofício de jornalista versus o de
escritor. Os portugueses Pedro Rosa Mendes, Inês Pedrosa – que também
aproveitaram o Pauliceia para lançar seus livros - e o gaúcho Michel Laub
contaram como seus trabalhos com o jornalismo influenciaram suas obras
literárias. Pedro Rosa Mendes, que foi correspondente de guerra por muitos anos
e morou no Timor Leste, contou que ver o horror, a violência e até a vontade de
sonhar, que são característicos do homem, lhe fez crescer muito
pessoalmente.
Michel
Laub contou que seus anos de editor de revista o ajudaram a ter facilidade em
organizar textos de modo que sejam lógicos e acessíveis para o leitor. E que
isso, ao mesmo tempo em que ajuda a escrever um livro, pode virar um problema.
“Para alcançar a densidade literária, às vezes é necessário subverter as regras
do jornalismo, não ser claro, ou eficiente. Preciso desligar a chave do
jornalismo para escrever”, contou. Para Inês Pedrosa trabalhar em redação foi o
jeito que encontrou para poder ter uma carreira que contemplasse a escrita.
Afirmou que há textos jornalísticos com valor de literatura e que há livros que
não são literatura, como o best-seller “50 tons de cinza”. E que as reportagens
que fez a ajudaram a conhecer mais a realidade das pessoas.
Na
parte da tarde, o Pauliceia Literária continuou com a mesa Pauliceia Estilhaçada livros que têm São Paulo como
cenário, com Maria José Silveira, Marçal de Aquino e Tony Bellotto,
mediada por Manuel da Costa Pinto. O domingo seguiu com a mesa Liberdade de Expressão, com Noemi Jaffe
e Zlata Flipovic e foi concluído com a mesa de Encerramento – meus livros e mais nada, onde Patricia Melo
e outros autores convidados leram trechos de seus livros preferidos.
Termina hoje (22) a Pauliceia Literária. Evento recebeu ontem a visita de Lygia Fagundes Telles
Hoje (22) é o último dia do Festival
Internacional de Literatura de São Paulo – Pauliceia Literária, que desde
quinta-feira vem sendo realizado na capital paulista, em uma iniciativa da
Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), com debates, oficinas, bate-papo
e outras atividades, com a participação de mais de 30 autores brasileiros e estrangeiros.
Os eventos de ontem (21) contaram com escritores renomados. Além de Lygia
Fagundes Telles, a primeira deste sábado, subiram ao palco do Pauliceia
Literária as escritoras Ana Maria Machado e Beatriz Bracher, a advogada e
escritora Luiza Nagib Eluf e a jornalista Mona Dorf, mediadora do debate.
Para homenagearem a consagrada escritora, que compareceu ao evento, as
quatro mulheres levaram para a mesa suas obras preferidas de Lygia, das quais
selecionaram um trecho para ler para o público. Ana Maria Machado leu uma
passagem do conto A garota da boina,
do livro Disciplina do Amor. Venha
ver o pôr-do-sol foi
o conto lido por Eluf, que o extraiu do clássico de Lygia, “Antes do Baile
Verde”. Beatriz Bracher leu trechos do conto Apenas um saxofone.
As autoras discutiram o lugar feminino nas histórias de Lygia. “A
mulher sempre foi a protagonista da história, na maior parte de suas
narrativas, e não a coadjuvante, como geralmente acontece”, afirmou Eluf. Para
ela, as mulheres vivem cegas para a realidade patriarcal em que vivemos.
Ana Maria Machado, diretora da ABL – Academia Brasileira de Letras -,
vencedora do Prêmio Zaffari de literatura, de Passo Fundo, pelo seu último
romance, “Infâmia”, disse que, apesar dos contos ocuparem um lugar de destaque
na obra de Lygia, os seus romances, especialmente o título As
Meninas, estão entre
os livros mais fortes, belos, modernos da literatura universal do século XX. Na
escrita na Lygia, o que fascina é a ambiguidade de suas frases, em que não
sabemos o que é ficção, o que autobiográfico e memória.
![]() |
A escritora Lygia Fagundes Telles |
Lygia Fagundes Telles pediu o microfone para contar da sua emoção com
a homenagem de lhe dedicarem uma mesa, e, em um tom bem-humorado, repetiu uma
frase de seu filho: “Mãe, mulher pode chorar. Mas mulher nova, pois a mulher
mais velha chorando fica feia. Então vou tentar não chorar”, disse ela,
conversando de maneira descontraída com a plateia sobre histórias de sua vida.
A segunda mesa de sábado, “Brasil
de 1808 a
1889” , com
Laurentino Gomes, foi sobre a sua trilogia. Para conversar sobre a obra do
jornalista e escritor paranaense, foi convidado o editor de cultura do jornal O
Estado de S. Paulo, Ubiratan Brasil.
![]() |
Laurentino Gomes e sua trilogia |
O bate-papo foi uma aula de história. Laurentino contou alguns trechos
curiosos de seus livros e como é seu processo de pesquisa. Ele também fez um
paralelo entre sua antiga carreira e sua atual vocação: “Tanto o jornalista, quanto
o historiador estão atrás da verdade dos fatos. O jornalista é o historiador do
presente”, afirmou. E explicou que a visão do passado muda de acordo com o
momento que estamos vivendo. “Durante a ditadura, a história do Brasil era
contada de maneira épica porque isso interessava aos militares. Na
redemocratização, houve uma desconstrução dos heróis épicos”. Ao final,
Laurentino tirou dúvidas da plateia, que queria entender sobre as raízes da
corrupção no Brasil e de como ele lida com as críticas de acadêmicos.
Na mesa 10, Skakespeare e a Lei – O aspecto jurídico nas obras
de Shakespeare, o professor José Garcez Ghirardi e o escritor
Rodrigo Lacerda, dois especialistas em Shakespeare, fizeram leituras e
comentários sobre algumas obras do dramaturgo inglês, como O
mercador de Veneza, Rei Lear, e Romeu
e Julieta, apontando os aspectos jurídicos na obra do bardo.
![]() |
José Garcez Ghiradi |
Análises de alguns aspectos das peças A Comédia dos Erros e Macbeth complementaram as interpretações. Rodrigo
Lacerda iniciou a mesa lendo ensaio sobre a obra shakespeariana, para entender
e explicar como surgiu o grande interesse do público por assuntos jurídicos no
século 16.
O uso da linguagem jurídica, os litígios, os tribunais eram elementos
usados na era elisabetana pelos dramaturgos e por Shakespeare. “Eles escreviam
o que era de interesse do público. A estrutura jurídica, os oficiais judiciais
o ‘law mayer’, os xerifes, os contratos nupciais compunham o enredo das
histórias”, afirma Lacerda.
Garcez fez uma reinterpretação das obras do dramaturgo inglês para os
dias de hoje de hoje. Começou dizendo que a lei é uma forma usada para
beneficiar quem já está no poder. “Se ela serve como um instrumento de
dominação, logo pode ser injusta”, afirma.
Em sua análise sobre a peça Rei Lear, de 1603, Garcez fala do poder
do desejo de Edmund, um filho bastardo que luta para deixar de ser um homem
natural para ser tornar um homem político. Citando Maquiavel, Garcez faz uma
analogia à condição emocional do protagonista: “Se a (não) fortuna vai contra
você, abuse de sua virtude”.
“O filho bastardo estava condenado a não existir. Ele foi sim um
vilão, para conseguir aquilo que queria, mas o personagem expressa muito bem a
filosofia de Shakespeare”, assinala Lacerda.
Trechos de Romeu e Julieta e Rei Lear ilustraram a ideia apresentada por
Garcez em que a lei deveria encontrar um estatuto para o desejo: “Essa sempre
foi uma busca de Shakespeare, mostrar que mais do que se preocupar com os
preconceitos humanos, com o olhar de fora, externo, cada indivíduo deve encontrar
seu caminho, deve descobrir seu desejo”.
![]() |
O jornalista Edney Silvestre |
O sábado
continuou com Edney Silvestre, jornalista e escritor de “Vidas Provisórias”
(Intríseca), e Alberto Mussa, de “O Senhor do Lado Esquerdo” (Record),
convidados da conferência “Crime e memória – crimes reais e fictícios e seus
contextos históricos”, com medição do jornalista Flávio Moura. O debate focou
na gênese do romance policial e sobre como a realidade permeia as obras de
Edney e Mussa. Houve ainda a mesa “O Advogado do Diabo”, reunindo Antonio Cláudio
Mariz de Oliveira, Patrícia Melo e Luiz Eduardo Soares.
Programação deste domingo (22)
11h –
Pessoa Existe? - Jerónimo
Pizarro e José Paulo
Cavalcanti Filho
13h –
Ficção e Reportagem, Aqui e Acolá - Inês Pedrosa, Pedro Rosa Mendes e Michel
Laub.
15h –
Pauliceia Estilhaçada (livros
com São Paulo como cenário)
- Maria José Silveira, Marçal Aquino e Tony Bellotto.
17h –
Liberdade de Expressão - Noemi Jaffe e Zlata Filipovic
19h –
Meus Livros e Nada Mais: autores convidados leem trechos de seus livros
preferidos
sábado, 21 de setembro de 2013
Pauliceia Literária movimenta capital paulista hoje e amanhã. Valter Hugo Mãe, Ignácio Loyola Brandão e Scott Turow participaram de debates nesta sexta-feira
O Festival Internacional de Literatura de São
Paulo – Pauliceia Literária teve uma sexta-feira movimentada, com debates,
oficinas, bate-papo e outras atividades. O evento, uma iniciativa da
Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), prossegue hoje e amanhã
na capital paulista e reúne 33 autores, entre eles 23 brasileiros e dez
estrangeiros.
Na tarde
desta sexta-feira (20), o escritor português Valter Hugo Mãe e o mexicano Juan
Pablo Villalobos debateram, na Mesa 4, as motivações que os levaram a abordar o
tema central de suas obras, O apocalipse
dos trabalhadores, e Se
vivêssemos em um lugar normal, respectivamente.
![]() |
Valter Hugo Mãe |
Vanessa
Ferrari, editora da Cia das Letras, mediadora do debate, logo revelou a
percepção que teve ao ler a obra de Valter Hugo Mãe, dizendo que o viu como um
feminista. Ao que Valter rebate: “Sou, sim, feminista. Tenho a impressão que as
mulheres, ainda, não são aceitas pelo do homem, que não aceita, na verdade, a
beleza da mulher. Eles não podem e não sabem lidar com a beleza natural da
mulher”.
A
escolha do tema do seu livro, que aborda a questão de gênero, com duas
mulheres, cuja profissão é de diarista, como protagonistas, é justificada pelo
apreço do autor ao que é improvável, deslocado. “Me chama a atenção a forma
como a mulher é colocada na sociedade, "muitas vezes sem voz" e
"bestializada".
Valter
ilustra ainda esta reflexão dizendo o quanto foi criticado em seu país por ter
chorado em uma mesa literária, em sua primeira visita ao Brasil. "Os blogs
daqui ressaltaram este acontecimento como se fosse algo anormal. E os
portugueses me rechaçaram quando voltei. Diziam: 'é a morte do autor'",
afirma.
O
escritor mexicano citou a presença do animal, tema da mesa, em um dos seus
livros, nesse caso o Se vivêssemos em um
lugar normal, passado numa cidade que possui "mais vacas do
que pessoas". Villalobos, cuja literatura confessadamente possui um viés
social, afirma que sua geração não tem como fugir disso, indicando a forte
tendência de autores mexicanos contemporâneos donos de histórias inspiradas na
realidade do México.“Não é possível fechar os olhos para o que acontece no
país.
Na mesa 5,
Literatura e Cinema,
realizada às 15h, o escritor e professor inglês Richard
Skinner entrevistou o escritor e cineasta francês Philippe Claudel. Os dois
debateram as diferenças entre produzir um romance e um texto para cinema e
tentaram entender por que tantas vezes a tentativa de adaptar a literatura para
as telas, fracassa.
![]() |
Professor José Garcez Ghirardi na oficina Shakespeare |
Para
Philippe Claudel, autor de dez romances, a literatura proporciona ao escritor
maior liberdade porque não é preciso considerar custos de produção “se eu
quiser uma cena onde haja 2 mil pessoas na rua, não tem problema. No cinema,
talvez o diretor reclame que isso é muito caro”, disse. Outra vantagem é não
ter que se preocupar com elenco, em quem vão ser os produtores, ou redigir em
prazos pré-determinados. Mas Claudel também é entusiasta do cinema e seu
longa-metragem “Há tanto tempo que te amo” recebeu diversos prêmios. “No filme
é possível mostrar apenas rostos, sem diálogos e isso já pode dizer muito ao
espectador. Para conseguir o mesmo efeito em um livro seriam necessárias muitas
páginas e o resultado seria entediante”, afirmou.
O cineasta
francês disse ainda que não adaptaria seus livros para o cinema. Mas que já fez
isso com obras de amigos, que não teve problemas em eliminar personagens ou
partes da história. E completou que talvez contos ou crônicas sejam mais
propícias para adaptação por serem mais curtas. E que há maiores chances de um
resultado ruim, quando o roteiro de um filme partir de livros de autores com
estilos de escrita muito próprios como Flaubert, Proust ou Céline, que não
podem ser traduzidos em imagens.
![]() |
Oficina de Shakespeare no Teatro Eva Herz |
A mesa
seguinte foi dedicada aos romances policiais. Leonardo Sica mediou Cenas do Crime com participação do
jovem escritor carioca Raphael Montes, do ex-promotor americano William Landay
e do advogado criminalista Luís Francisco Carvalho Filho. A conversa começou
com a percepção de que todos ali estavam mais interessados em contar histórias
humanas do que descrever assassinatos. “O crime é um jeito de falar de outros
assuntos como a relação entre pais e filhos”, disse Landay que escreveu “Em
defesa de Jacob” onde o investigador de um crime percebe que seu próprio filho
pode ser um dos suspeitos.
O mediador
Leonardo Sica perguntou se os três autores presentes questionavam, de alguma
maneira, em seus livros, o funcionamento da justiça. Luís Francisco Carvalho
Filho, com mais de 30 anos de experiência no Direito, logo respondeu que
“justiça nunca funcionou, nem nunca funcionará”, o que rendeu muitos aplausos
na plateia. Raphael complementou que sua obra “Suicidas” não questionava a
eficácia dos tribunais, mas punha em xeque o curso de Direito, comandado pelos
professores , os PhDeuses (um trocadilho com a palavra inglesa PhD, ou pessoas
com doutorado) o que causou risada do público.
Na última
mesa do dia, o escritor americano Scott Turow , autor de livros cujo gênero é o
policial e o de suspense, pelo qual é visto como um mestre, contou ao público
como começou a escrever e sobre o processo de criação de suas obras, que
tiveram sucesso de público e crítica, e muitas delas foram adaptadas para o
cinema, como “Acima de Qualquer Suspeita”.
Entrevistado
por Arthur Dapieve, Turow, cuja formação é em direito, revelou que uma de suas
estreias na literatura se deu com o lançamento com o livro de sua autoria, o
”Como se faz um advogado”. Mais tarde, como promotor federal, não parou de
escrever e de se dedicar ao mundo das letras. “Mesmo como um homem da lei, não
poderia ficar em silencia como escritor”, afirma.
Ele disse
que no início da carreira na literatura, ele estudou em um curso de escrita
criativa: nos Estados Unidos isso é muito comum, americanos acham que
escritores podem ser ensinados. Fui “fellow” durante três anos e cheguei a me
tornar professor de escrita”, revela o autor, Turow ainda falou sobre as crises
existenciais que teve na época em que estava se tornando escritor de fato.
“Ficava preocupada com a vida que levaria, da loucura que poderia ser, era como
se eu tivesse me alimentando de mim mesmo, praticando um canibalismo”.
Turow
ainda fez críticas ao site de compras Amazon e ao Google. Ele disse
considerá-las empresas predatórias por praticarem a competição injusta no
mercado em relação aos preços dos livros. Críticas também não faltaram a
governos corruptos, explicando como os Estados Unidos conseguiram diminuir os
casos de corrupção. “Quando fui promotor em Chicago, julguei muitos casos
envolvendo autoridades corruptas”, recordando um episódio clássico do governo
Nixon, em que o ex-presidente foi forçado a se demitir, e 30 de seus assessores
foram para a prisão. “Entretanto, a pena por si só não diminui os casos não só
de suborno e corrupção, mas também de homicídios no país. Não faz bem para a alma fazendo
sofrer”, afirma.
![]() |
Patricia Melo e Manuel da Costa Pinto participaram de uma das Mesas do evento |
Programação:
Hoje - sábado (21)
11h – Mesa Lygia Fagundes
Telles - Ana Maria Machado, Beatriz Bracher e Luiza Nagib Eluf
13h – Brasil de 1808 a 1889 - Laurentino Gomes
15h – Shakespeare e a Lei - O Aspecto Jurídico nas Obras de Shakespeare - José Garcez Ghirardi e Rodrigo Lacerda
17h – Crime e Memória - Crimes Reais e Fictícios e Seus
Contextos Históricos - Alberto Mussa, Boris Fausto e Edney Silvestre falam sobre os seus livros
19h – Mesa Advogado do Diabo (debate sobre um tema polêmico) - Justiça, Violência e Punição - Antônio Cláudio Mariz de
Oliveira, Luiz Eduardo Soares
e Patrícia Melo
Amanhã - domingo (22)
11h – Pessoa Existe? -
Jerónimo Pizarro e José
Paulo Cavalcanti Filho
13h – Ficção e Reportagem, Aqui e Acolá - Inês Pedrosa, Pedro Rosa Mendes e Michel Laub.
15h – Pauliceia Estilhaçada
(livros com São Paulo como
cenário) - Maria José Silveira, Marçal Aquino e Tony Bellotto.
17h – Liberdade de Expressão - Noemi Jaffe e Zlata Filipovic
19h – Meus Livros e Nada Mais: autores convidados leem trechos de seus livros preferidos
11h – Mesa Lygia Fagundes
Telles - Ana Maria Machado, Beatriz Bracher e Luiza Nagib Eluf
13h – Brasil de 1808 a 1889 - Laurentino Gomes
15h – Shakespeare e a Lei - O Aspecto Jurídico nas Obras de Shakespeare - José Garcez Ghirardi e Rodrigo Lacerda
17h – Crime e Memória - Crimes Reais e Fictícios e Seus
Contextos Históricos - Alberto Mussa, Boris Fausto e Edney Silvestre falam sobre os seus livros
19h – Mesa Advogado do Diabo (debate sobre um tema polêmico) - Justiça, Violência e Punição - Antônio Cláudio Mariz de
Oliveira, Luiz Eduardo Soares
e Patrícia Melo
Amanhã - domingo (22)
11h – Pessoa Existe? -
Jerónimo Pizarro e José
Paulo Cavalcanti Filho
13h – Ficção e Reportagem, Aqui e Acolá - Inês Pedrosa, Pedro Rosa Mendes e Michel Laub.
15h – Pauliceia Estilhaçada
(livros com São Paulo como
cenário) - Maria José Silveira, Marçal Aquino e Tony Bellotto.
17h – Liberdade de Expressão - Noemi Jaffe e Zlata Filipovic
19h – Meus Livros e Nada Mais: autores convidados leem trechos de seus livros preferidos
Fotos: Divulgação
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
CBL completa 67 anos atenta às inovações do setor
A Câmara
Brasileira do Livro (CBL) completa hoje, dia 20, 67 anos. Em mais de seis
décadas, a entidade realizou inúmeras ações voltadas ao setor editorial, sempre
visando à valorização e disseminação do livro e da leitura.
Entidade
que reúne editores, distribuidores, livreiros e creditistas (porta a porta), a Câmara
Brasileira do Livro (CBL) nasceu durante a grande efervescência cultural dos
anos 1940, quando surgiram inúmeras iniciativas, todas em benefício do livro e
da leitura no Brasil. A causa principal era fazer do Brasil um país com
educação cada vez melhor.
À
época, um grupo de pessoas ligadas ao setor livreiro reuniu-se para debater os
problemas e buscar soluções para uma atuação conjunta e organizada.

A
Escola do Livro é outra iniciativa valiosa da CBL que provê educação e
profissionalismo continuados para representantes de editoras de grande, médio e
pequeno porte, gestores, executivos e profissionais do setor.
Sempre
atenta às movimentações do mercado editorial, a CBL, em parceria com o SNEL
(Sindicato Nacional dos Editores de Livros) faz, anualmente, uma radiografia
completa do mercado, por meio da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial
Brasileiro, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE,
da Universidade de São Paulo.
A
CBL interage com diferentes órgãos que representam o poder público, com
objetivo de acompanhar iniciativas parlamentares e do poder executivo
pertinentes ao setor, tais como: projetos de lei e programas governamentais de
fomento ao livro e à leitura. E para agilizar este trabalho conta com uma
assessoria parlamentar.
Pelo
seu dinamismo e capacidade de
articulação nacional, a CBL é referência, no país e no exterior, para todos os
assuntos relacionados ao setor editorial.
Desde
2011 à frente da CBL, a presidente Karine Pansa é a segunda mulher a ocupar o
cargo máximo da entidade. Em seu segundo mandato, iniciado em 2013, Karine está
permanentemente mobilizada e dialogando com várias instâncias governamentais,
para discutir e levar reivindicações, sempre direcionadas ao fortalecimento e
democratização do livro. Paralelamente, os brasileiros estão lendo mais e o
preço dos livros, de modo geral, está mais acessível.
![]() |
Karine Pansa, presidente da CBL (Divulgação) |
“Para
mim, é uma honra presidir uma das mais importantes entidades do setor editorial
do país”, diz Karine. “Estar à frente da CBL é também compartilhar com todos os
pares, do objetivo maior da entidade, que é construir um país com melhor educação,
por meio da valorização e disseminação do livro e da leitura”, completa a
presidente.
Hoje,
a CBL representa 570 associados em todo o país. Por meio de importantes
parcerias, a CBL projetou o Brasil mundo afora: o país vem sendo homenageado,
frequentemente, em várias feiras internacionais.
E,
neste ano, todas as atenções estão voltadas para a Feira do Livro de Frankfurt,
a ser realizada de 9 a
13 de outubro, no qual o Brasil é o convidado de honra. Mais de 170 editoras do
país estarão presentes, além de cerca de 70 escritores nacionais.
A fundação
da CBL, há 67 anos, foi o primeiro passo desta imensa jornada de transformar o
Brasil, reconhecidamente, neste grande país dos livros.